Entrevista dia do skatista

O esporte radical que dribla o preconceito

O que para alguns não passou de uma terça-feira normal do mês de agosto, para outros foi um dia de comemorações e, principalmente, de conscientização. Ontem foi comemorado no Brasil o Dia do Skatista. Em Uberaba, alvos fáceis de injustos preconceitos, jovens e adeptos ao esporte falaram ao Jornal da Manhã sobre o prazer da prática aliada à falta de estrutura e apoio.

Uberaba conta hoje com algumas pistas para a prática do skatismo. A principal e mais moderna é a localizada no Parque das Acácias – Piscinão. O local abriga aqueles que vivem com a adrenalina nas nuvens e se arriscam com manobras de arrepiar.

O uberabense Philippe Bruno, 19 anos, campeão mineiro no estilo Street, pratica o esporte desde os 12 anos. O jovem, mais conhecido como “Mosquito”, disse à reportagem que seu maior desafio em Uberaba é o preconceito com o skatista. “Fico muito triste de ver que somos tachados como marginais. Alguns falsos skatistas utilizam as pistas da cidade como disfarce para o consumo de drogas. A generalização é fatal. Acabamos pagando por aqueles que desrespeitam a sociedade e principalmente o esporte”, esclarece Philippe.

Outro problema para os skatistas é a falta de incentivo. Alguns jovens acabam se deslocando para capitais como São Paulo e Belo Horizonte para disputar em suas categorias. “Já disputei por diversas vezes o Campeonato Street em BH. Aqui na cidade, os responsáveis pelo esporte local não costumam se preocupar com os skatistas. Só se fala em futebol amador e o profissional. Infelizmente somos excluídos,” revelou Alexandre Cardoso, uberabense tetracampeão em Belo Horizonte.

Com a falta de apoio e de campeonatos, o resultado é o fraco comércio especializado na cidade. Empresários não se arriscam em disponibilizar lojas de artigos específicos para os amantes do skate. Resultado, preços abusivos e sem concorrência.

 O brazuca. No Brasil, o maior exemplo pessoal dos novos tempos do skate é Sandro Dias, mais conhecido no nicho 'radical' como Mineirinho, apesar de ser natural de Santo André (região metropolitana de São Paulo). Bicampeão mundial de vertical (modalidade mais popular desse esporte) em 2003 e 2004 e consagrado pela execução da manobra 900° (dois giros e meio no ar), o paulista que começou a andar na garagem do prédio e nas ruas do bairro hoje passa a maior parte do ano competindo fora do país.  Para Sandro Dias parece ter valido a pena escutar alguns desaforos na adolescência. Hoje, com 29 anos, o skatista vive do esporte, tem cinco patrocinadores (Reef, Red Bull, Oakley, Crail e Shivatech) e ainda traz no passaporte vistos de dezenas de países, da Malásia à República Tcheca.